O amor de Deus é colorido - frase que achei muito bonitinha :)

sábado, 20 de novembro de 2010

Por enquanto só Nelson



Aah, para o grande público Nelson Falcão Rodrigues não passava de um tarado.
Nem precisava abrir o jornal ou um de seus livros para ler uma de suas crônicas, porque só de ouvir umas duas ou três de suas frases, as boas famílias calçavam as suas meias para fugir dos arrepios : aquele ali é um pervertido! Além de que nos anos 50 era natural ouvir nos botequins cariocas que o homem escrevia histórias de pais que se apaixonavam pelas filhas, onde mulheres traíam os maridos com a mesma naturalidade com que compravam sapatos ou onde as mocinhas gostavam mesmo era de beijar outras mocinhas.
Nelson era um tarado demoníaco. > Resposta do autor? A opinião pública é uma débil mental.

Mas a verdade é que Nelson escreveu o que vivenciou. Sim, ele não só assistiu, mas vivenciou uma das décadas mais conturbadas na história do Brasil. Aos 13 anos mergulhou no abismo após assistir a morte do próprio irmão além de lutar contra a tuberculose até o final de sua vida.
A medida que o autor reconstruía seu espaço na imprensa, erguia seu mito no teatro, passaram-se as diferentes fases do governo Vargas, um governo militar, a expansão da TV, a Segunda Guerra, a volta de Vargas, as revoluções culturais de 60 e 70, o feminismo e outro governo militar. 

Recebeu aplausos, censura do Estado e a incompreensão da mesma massa que retratava obcecadamente em suas obras. Daí suas opiniões variarem entre o cáustico e o irônico, passando pelo cinismo. E o pior, um paradoxo que sempre nos confunde.  Como saber quando ele fala sério??  Aah, neste caso a dúvida contribui para alcançar os aforismos provocantes desse "anjo pornográfico".
Algumas frases do Sr. Nelson, imortalizadas:
"Invejo a burrice porque é eterna."
"O brasileiro é um feriado."
"Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível."
"O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma calçada para outra calçada."
"Só o cinismo redime o casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata."
-Nelson, quais são suas últimas palavras?
-Que boa besta era o Marx! (em entrevista a Otto Lara Resende)


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